Quando as máquinas morrem

Para onde vão as máquinas quando elas “morrem”? A resposta rápida seria o desmanche. Mas, as vezes não é isso que acontece.
Em muitos casos elas são deixadas onde suas engrenagens deram aquela roçada dramática e rolaram pela ultima vez, numa espécie de “último suspiro”. Depois de anos e anos sendo úteis aos seus donos, elas começaram a enferrujar, desgastaram seus parafusos, bambearam suas ruelas, e foram ficando fracas, até que se viram em situações para as quais já não estavam mais preparadas. E aí, numa subida mais forte, um vôo mais longo ou uma pedalada que exigia mais resistência do aço do seu pedal, elas simplesmente não conseguiram mais atender essas exigências. Seus “corações” sofreram uma parada brusca, e as velhas maquinas que já vinham carentes de repouso pararam de funcionar, desistiram de “viver”, e por ali mesmo onde elas tiveram seus ataques “cardíacos” ficaram. Seus operadores antes de irem embora, provavelmente ainda fizeram aquela cena do chutinho no pneu já vazio, esterçado para um lado qualquer, e esbravejou alguma coisa que só eles entenderam. E elas ficaram abandonadas para sempre.
Com o tempo quando a natureza percebeu que aquele monte de ferros não sairia mais dali, resolveu assumir a dura e longa missão de dar fim às sucatas deixadas por algum desavisado. Mas a tarefa é tão difícil e demorada que aos poucos a natureza foi se confundindo. Logo ela passou a pensar nas sucatas como se elas fossem parte da paisagem a anos! As árvores parecem achar que as maquinas aos pedaços são elementos que a natureza mesmo criou, e vão lentamente abraçando os ferros retorcidos sem saber que os restos de óleos, graxas e outros resíduos são tóxicos ao ambiente. Os animais fazem de toca os seus espaços internos e a ferrugem encontra uma grande porção de aço sobre a qual ela trabalhará por muitos anos, deteriorando o ferro que vai possivelmente parar em algum lençol de água, ou contaminar uma praia. Embora muito longe do destino que deveriam receber, as máquinas abandonadas acabam virando atração para os fotógrafos que passam por ali em busca de alvo para seus fleches. E quando esses miram suas lentes famintas para as velhas peças, elas viram objetos de admiração. Vendo as imagens, por um momento, até a gente pensa que aqueles pedaços de ferro enferrujado espalhado pela areia da praia ou quase perdido no meio das árvores são dali mesmo. Mas quando o “momento” passa se percebe que a beleza esta apenas no talentoso enquadramento da imagem. Na realidade aquilo é o resultado da ação de um descuidado, que chamou atenção do fotógrafo, por ter sido colocada para ficar numa espécie de repouso eterno, justamente no cantinho do mundo onde jamais deveria está.










Fontes: 1

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